Entre os 30 trabalhos selecionados na Exposição Encontro do Sol com a Lua, estão as obras de arte assinadas por Bruno de Almeida, Letícia Graciano, Bruna Martins e Pedro Silvio Campos, os vencedores do concurso de ilustração realizado para celebrar os 30 anos da editora.
Para se fazer uma casa - Bruno de Almeida
Formado em design, Bruno de Almeida, de 28 anos, levou o primeiro lugar. Nascido em Muzambinho, interior de Minas Gerais, ele acredita que a mostra será uma ótima oportunidade para que sua arte chegue a mais pessoas: “Fico muito feliz em poder ocupar um espaço que seja acessível ao público. A visibilidade para um trabalho de autor também é muito importante, mas a minha grande felicidade é poder imaginar que tantas outras pessoas podem conhecer esse trabalho. A democratização da arte e do meu próprio trabalho é a expectativa para essa nova fase”.
Sobre a sua ilustração, Bruno escreveu:
No espaço que me sinto seguro, acolhido, protegido vejo meu pai e minha mãe, o preto e o branco, o dia e a noite. Vejo surgir do binário fenômenos férteis dessa existência que remontam outras formas de ser, aquilo que sou, aquilo que imagino.
Surge no ventre dessa simbiose a criança pura, elementar. Surge um terceiro elemento, a força imaginadora que fantasia a vida, colore o céu e é poesia para amolecer nossos dias. E é essa força que constrói a ideia da casa, do espaço pequeno, íntimo que permite-nos ser as coisas mais bonitas, os filhos de um Lua e um Sol.
Rabiscos no Céu - Letícia Graciano
Desde a faculdade de artes visuais, finalizada em 2006, Letícia Graciano, 37, natural de Sorocaba (SP), tinha como sonho ser ilustradora. A carreira profissional seguiu para o caminho da educação, mas, agora que foi selecionada em segundo lugar, ela pretende investir mais na área. “Acredito que, aliado a outros acontecimentos da vida, funciona como uma força para seguir no ofício, seguir fazendo e estudando ilustração”.
Sobre a sua ilustração, Letícia escreveu:
O tema do concurso, pra mim, foi bastante inspirador. Tive algumas ideias, várias dúvidas, mas optei pela imagem das crianças riscando o chão de giz. Ou seria riscando o céu de giz? Uma brincadeira com os astros, promovendo assim esse encontro inusitado, do sol com a lua. A ilustração tem texturas de materiais físicos e colagem digital, escolhas visuais que costumo fazer nos meus trabalhos e que me agradam bastante!
A Serpente Estrelada - Bruna Martins
O tema ‘Encontro do sol com a lua’ impulsionou Bruna Martins, 27, a participar do concurso: “É um acontecimento carregado de diversas mitologias, crenças e simbolismos, e foi algo que me trouxe várias ideias e imagens logo de início! Além disso, pensei que era uma boa oportunidade de expandir meu trabalho, caso fosse selecionado”. E foi! Formada em arquitetura e urbanismo, ela ficou em terceiro lugar.
Sobre a sua ilustração, Bruna escreveu:
Em tempos antigos, os eclipses fizeram nascer muitos mitos. O tempo esfriava, as aves cessavam seu vôo e o dia virava noite por alguns minutos. Para muitas culturas tradicionais, o que se imaginava era que uma grande criatura cósmica devorava o sol, mordida por mordida. Na China, o ideograma mais antigo para eclipse significava ""comer"", e quem comia o sol era um grande dragão; no Vietnã, um sapo; no Egito, era Apep, a grande serpente. A partir destes e de outros mitos e imaginários, nasceu a imagem dessa cobra grande celestial, constelação de serpente com cabeça de lua, que abocanha o sol e faz nascer o eclipse. A ilustração foi criada com aquarela, lápis de cor e pintura digital.
Quando o sol e a lua se encontram é carnaval - Pedro Campos
A arte de Pedro Silvio Campos foi tão interessante, que os jurados tiveram que criar a categoria Prêmio Especial do Júri. Prestes a concluir o curso de design gráfico, o rapaz de 26 anos tem muitos planos para a carreira, a partir de agora: “A iniciativa desse concurso é fundamental, pois permite que o mercado conheça diversos artistas ilustradores, e abre portas para novas conexões e intercâmbios. Acredito também que o concurso pode contribuir com a publicação de livros autorais que tenho guardados na gaveta”.
Sobre a sua ilustração, Pedro escreveu:
"Quando o sol e a lua se encontram é carnaval" fala sobre a alegria do toque, da proximidade e da brasilidade. É uma celebração da simplicidade e da beleza que é estar juntos.
Retratando o sol e a lua por meio de máscaras - objeto de pesquisa do ilustrador - a ilustração trás simbolismos relacionados a cultura rural brasileira, em especial a de Minas Gerais. O pé no chão; as roupas simples e o estandarte, que trás a imagem de uma casa, resumem, de certa forma o encontro. Encontro com a terra , encontro com o próximo e encontro com nós mesmos. O sol e a lua são astros que se encontram em nós.
O sol veste tons de laranjas, cores quentes que colaboram com a ideia de atividade e vibração. A lua, por sua vez, veste rosa, em representação ao aconchego e feminilidade.